QUEREM SABER A VERDADE? NA HORA DA GIRA, EXU TAMBÉM TRABALHA NA CARIDADE
- Eliane Arthman
- 7 de fev. de 2021
- 4 min de leitura
QUEREM SABER A VERDADE?
NA HORA DA GIRA, EXU TAMBÉM TRABALHA NA CARIDADE 🔱 🎩🔱
Já era madrugada e a gira corria animada, com muitos sofredores sendo atendidos de forma alegre e prazeirosa.
Maria girava e girava, cantando, dançando e sacudindo as saias, mas sempre prestando atenção no que ocorria ao seu redor. Lá pelas tantas da madrugada, os maqueiros da espiritualidade colocaram aos pés dela uma maca com o espírito de um jovem médico, que se encontrava encolhido, devido ao medo que tinha de tudo.
Ela o olhou afetuosamente e sentiu que ele estava exausto de tanto lutar contra si mesmo. Maria abaixou-se, sentou-se no chão e ficou a encarar aquela figura durante algum tempo para, em seguida, colocar uma de suas mãos sobre a cabeça dele.
Imediatamente, lúgubre cenário formou-se na tela mental de Maria.
Ela viu um hospital improvisado num front de guerra, para onde feridos eram levados. Ali, três jovens médicos, descendentes da nobreza Européia, atendiam, amorosa e confiantemente todos que ali chegavam. Mas algo muito os entristecia: não haviam mais recursos médicos necessários, como antibióticos, gaze, algodão, corticóides e tantos outros medicamentos, para atender a tantos doentes e mutilados. E, para manter tudo bem organizado, eles resolveram passar a escolher quem iria ou não viver. E assim foi feito. Mas aquilo tudo lhes envenenou a consciência quando, mais tarde, depois de terem feito a passagem, passaram a recordar aquele terrível episódio de suas vidas.
Em consequência disso, aquele que ali estava aos pés de Padilha, vinha sofrendo cada dia mais, destruindo todas as oportunidades de vida que o grande Ser lhe proporcionara até então. Seus outros dois companheiros não se perturbaram com isso, e, apesar de abalados em suas consciências, seguiram renascendo, como médicos de front de guerras, zelando por todos, sempre com desvelo e desprendimento.
Maria retirou sua mão da cabeça do rapaz e o fez levantar. Na verdade ela o puxou vigorosamente, para que se levantasse. Ao vê-lo de pé, ela o atraiu para junto de si, num abraço tão apertado, que ele por mais que tentasse, não conseguiu se livrar. Abraçada a ele, ela começou a falar em seu ouvido:
- Eu estava lhe esperando aqui, moço, pare de se culpar! - falou ela - Olhe ao seu redor! Ninguém aqui é santo!
Ela terminou a frase numa gostosa gargalhada, o que fez o rapaz estremecer e quase despertar de seu torpor.
Trôpego e desorientado, ele tentava ver se alguém o apontava, mas ali todos só riam, cantavam e dançavam.
Padilha tornou a sussurrar em seu ouvido:
- Ninguém lhe condena, doutor!
Ele estremeceu quando ela pronunciou a última palavra.
- Você deu o seu melhor para todos aos quais atendeu, mas parece não se perdoar, e permanece nesse torpor, teimosamente, por quase dois séculos, entre suicídios e reencarnações em corpos deformados, tentando se punir ao máximo!
Enquanto ele chorava copiosamente, ela o apertava contra si delicadamente. As entidades manifestadas em seus respectivos médiuns perceberam o que ocorria e fizeram um círculo ao redor dos dois, permanecendo em silêncio, passando energia para aquele jovem sofredor.
- Agora olhe e veja quem veio lhe ver! - ela disse sorrindo.
Seus antigos companheiros de front de guerra ali estavam, em desdobramento astral, vindos de suas atuais encarnações. Foram levados até ali para abraçá-lo e dar-lhe forças para seguir em frente.
Durante algum tempo eles conversaram alegremente, enquanto os atabaques tornavam a rufar.
Depois que os dois doutores foram embora, abriu-se um espaço na gira, dando passagem à Seu Tranca-Ruas do Cruzeiro das Almas, que chegou com sua falange. Tranca-Ruas fez uma reverência diante do antigo médico, saudando-o respeitosamente:
- Vim lhe convidar para trabalhar como falangeiro meu, nos fronts das guerras espirituais que se travam todos os dias nesse planeta. Tenho vários médicos em minha falange que, por seus méritos, conseguem evitar suicídios, restauram o vaso físico de pessoas que tiveram a saúde abalada devido à perseguições espirituais seculares e outros tantos casos de intercessões familiares, que acabam por amenizar os males causados pelos desequilíbrios morais. Preciso dos seus conhecimentos quanto aos desgastes que as culpas podem causar no corpo físico e astral de cada um!
Mas não se constranja caso não queira aceitar, pois tudo tem sua hora de acontecer, amigo! Padilha o atraiu para cá, para tirá-lo do círculo letárgico no qual você se encontra há séculos!
Durante algum tempo, o antigo médico ficou a olhar aquele cenário, onde várias entidades se manifestavam em corpos de médiuns e onde enorme assembleia de aflitos aguardava sua vez de ser atendida. Pensou que ele mesmo estava sendo privilegiado naquele momento, por receber um nome e uma extensa 'família' voltada para o bem da coletividade!
- Sim, eu aceito! - respondeu o ex-médico já refeito.
Tranca-Ruas ergueu-se, e falou, colocando uma das mãos no ombro do rapaz:
- Como Chefe de Falange, eu, Tranca-Ruas do Cruzeiro das Almas, batizo esse nosso novo falangeiro, que trabalhará em nome do bem e da ordem, sob o nome de Seu Tranca-Ruas das Sete Catacumbas!
Nesse mesmo instante todos aplaudiram e assobiaram ruidosamente, transformando aquele acontecimento em festa!
(Os Orixás, sentados em Seus tronos de luz, comemoraram a libertação daquele tão sofrido jovem, que a partir dali dedicou-se amorosa e fielmente à falange de Tranca-Ruas do Cruzeiro das Almas!
Laroyê!)
Os Nomes de Maria
(Maria do Céu, Maria do Mar e Maria da Rua)
Com Amor e por Amor
Pelo Povo de Rua! 🌹🔱🎩🔱
By Eliane Arthman

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