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LANÇAMENTO

O Baralho da Maria Padilha

Maria caminhou sobre os rochedos frente ao Mar, pois vira uma Luz sinalizar para que seguisse aquela trilha. Lá no topo, junto ao firmamento, estava a Senhora dos Cabelos ao Vento, com Sua coroa de águas azuis e Suas saias bordadas de Luz, que concedeu à Maria o dom de amainar todas as dores e, também, o de soprar por sobre os caminhos dos cativos, os ventos libertadores! Maravilhada, Maria viu fluindo em Suas divinas mãos um rio de águas límpidas e, na outra o sol e a lua a girar num bailar infindo. Maria beijou-lhe as vestes e escutou-A falar durante horas, num idioma que só os que tivessem o coração tocado por Ela poderiam entender, coisas sobre os mistérios que eram os caminhos da Vida e sobre a simplicidade que era Deus. Os seres que circulavam diante do trono do Senhor do Universo, sentaram-se ao lado de Maria para, assim, observar a força dos elementos atuando sobre a Terra, sob o Céu, o Sol e sobre o Mar. As santas Potestades que retinham as fúrias em Suas bondosas mãos, foram obrigadas a lançar sobre a Terra os ventos da inundação, provocando medo e devastação, para que se pudesse, então, separar o joio do trigo. Mas Maria enfrentou o frio e a escuridão para preservar o mundo de tal sofrimento, pois havia aprendido a doutrinar os ventos e a fúria dos elementos, naquelas poucas horas em que estivera a ouvir a Senhora dos Cabelos ao Vento. Com seu canto suave e um jeito dê anjo que acabara de chegar do paraíso, Maria transformou o ódio em Amor, pois que sempre soube que os humanos, quando contrariados, só sabiam transformar o Amor em ódio! Fazendo um gesto largo com as mãos, Maria pediu silêncio e repetiu para todos o que a Senhora lhe falara. Ela dissera que vale calar a vida inteira para poder falar, num minuto, tudo aquilo que sufocamos no íntimo. Que vale a pena ter as mágoas que temos, por haver dado tanto, a tanta gente para, num momento ouvir palavras bonitas, sinceras e amigas, ditas por gente amiga! Por fim, sussurrara para a emocionada Maria, que sempre valeria morrer a longo prazo, sofrendo tanto as palavras mal ditas quanto malditas, pois que o sacrifício sempre glorificaria Deus em nós! Ao ouvirem isso, todos dançaram e cantaram de alegria e a Fúria dos Elementos voltou para as mãos das Potestades. logo, o Céu ficou Azul, o Mar profundo e o Alfa e o ómega voltaram ao comando das divindades! Tempos depois vi Maria sobre os rochedos à beira Mar, Coroada pela Luz da Lua e, rindo sozinha, lembrei da memorável noite, ainda Oculta nas dobras do Tempo, na qual pudemos ouvir sobre o grande Mistério que chamamos de Eternidade!

"Os Nomes de Maria" by Eliane Arthman

"Marias do Céu, Marias do Mar e Manas da Rua"

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