O Acaso e o Sonho!
- Eliane Arthman
- 7 de fev. de 2021
- 5 min de leitura
(“O que significa estabelecer o ‘sonhar’? Significa ter um comando preciso e prático sobre a situação geral de um sonho. Por exemplo, você pode sonhar que está em sua sala de aula. Estabelecer o sonhar significa que você não deixa o sonho virar outra coisa. Você não salta da sala de aula para as montanhas, por exemplo. Em outras palavras, você controla a visão da sala de aula, e não deixa que ela desapareça enquanto você quiser.”) Carlos Castañeda ... No dia seguinte, a matéria fluídica do ambiente ainda guardava as marcas do episódio que envolveu Lemulia. Ménon chegou um pouco mais cedo e trancou-se na sala. Muitos murmúrios eram ouvidos e Ménon dialogou com algumas vozes quase inaudíveis. Depois de alguns minutos, ele abriu os braços e de suas mãos começaram a sair muitas faíscas azuis, como se fossem feixes de fogo-fátuo. Algumas mentes, que haviam se ocultado nas paredes da sala, foram retiradas pela força desse fogo sagrado. Mas muitas almas que representavam a Força Negativa, ainda urravam contrariadas. Seus vultos horrendos estavam espalhados pela sala, tentando se ocultar de alguma forma. Mas da percepção de Ménon era muito difícil de se escapar, já que era um profundo estudioso e detentor da magia suprema, reconhecido como Mestre dos Magos! Sua incorruptível consciência o blindava de quaisquer influências negativas. Ele exortou as almas perdidas que ali estavam, para que voltassem para o lugar de onde vieram. Ménon apontou um dos braços para o teto e logo suave claridade surgiu, afastando todas as almas rebeladas. Durante algum tempo ele permaneceu assim, concentrado. De sua cabeça, luzes multicoloridas jorravam e seu corpo físico tornou-se quase transparente. Tudo parou e o Silêncio pareceu materializar-se ali, congelando e detendo o próprio Tempo. Ouviu-se milhões de vozes sussurrando: “O Filho do Sol! O Filho do Sol! Sacerdote da Eternidade, da Ordem de Melquisedec! Ele aqui está para semear a Paz!” Imediatamente a paz envolveu o ambiente e aquele que era conhecido como o Rei do Mundo, o sublime Melquisedec, materializou-se abençoando a Terra e revitalizando a vida. Naquele momento o mundo pareceu parar, o vento deixou de soprar, todos os elementos da natureza silenciaram e tudo se tornou sereno. (Os sensitivos e iniciados percebem isto claramente nesses determinados momentos não muito freqüentes). As almas infernais dobraram seus joelhos e mergulharam suas faces no chão, não disfarçando os soluços naturais aos impenitentes arrependidos! Curvando-se respeitosamente, apoiado em um dos joelhos, Ménon saudou o grande Senhor: “Bendito Sejas, Filho do Sol! Abra as Suas brancas asas e nos envolva em Seu regaço consolador! Permita-nos ir além das limitações do Tempo, para que não nos detenhamos diante das ameaças dos que vivem sob o jugo das horas! Que vibremos na sintonia do Seu imenso amor, para que, assim, possamos desfrutar das mordomias dos que concebem a eternidade!”. Assim que pronunciou a última palavra, ouviu-se um forte estrondo, que Ménon prontamente identificou como o estrondo causado pela quebra das dimensões, e uma potente fogueira de luz violeta envolveu toda a sala, tornando a ambiência harmoniosa e equilibrada. O Absoluto ali estava permitindo que Seu divino Trono fosse percebido! Gemidos foram ouvidos, enquanto a fogueira de Luz Violeta purificava tudo ao redor. Logo que a chama se extinguiu, novamente o silêncio se fez, mergulhando todo o ambiente na infinita paz. Minutos depois, os alunos começaram a chegar. A sala de aula já não era mais a mesma. Mesas, cadeiras, paredes e tudo mais que a compunha, fora substituído. Inquirido sobre isso, Ménon informou que a dimensão da sala havia mudado. - Então não estamos mais na mesma sala, mestre? – perguntou Tiussá, um dos alunos. - Isso mesmo, meu querido. Os Grandes Mestres da Escola do Saber Oculto, preferiram criar uma nova sala para todos nós! Todos estavam admirados, pois não sabiam que se podia habitar um ambiente criado pela mente humana. Achavam que cabia a Deus esse tipo de “criação”. Quando todos começaram a fazer perguntas ao mesmo tempo, Ménon rendeu-se e resolveu explicar o que ocorrera. Depois que todos se sentaram, ele explicou: - Forças Negativas que rondam o planeta, vieram ao encontro das criações mentais de Lemulia, pois encontraram nelas fluídos semelhantes aos seus para se materializar. Almas que estavam aprisionadas nas trevas foram atraídas para nossa sala, que passou a ter a energia propícia às suas manifestações. Todos os detalhes e sons emitidos pelo embate que se travou eram revividos na tela, lance por lance. Ménon desmaterializou-se, deixando apenas sua voz a narrar o ocorrido. - Eu não poderia retirá-las da sala tão facilmente, pois a energia criada pela mente de Lemulia ficou cravada na matéria fluídica do ambiente! Tudo que ali estava era “real” o bastante para permitir que aquela história se desenrolasse livremente, como se tivesse vida própria. Todos olharam para Lemulia, que estava, como todos, surpresa com toda aquela confusão criada por ela! - Acionei as Forças Protetoras do Universo, e as divindades formaram um anel de luz em torno da sala, isolando-a dos outros ambientes da escola. Não se ouvia nenhum murmúrio em toda a sala, pois todos ouviam atentamente o querido Mestre Ménon. A face flamejante de Melquisedec foi vista por todos e o Trono de Deus também se fez visível. Enquanto os alunos guardavam respeitoso silêncio, Ménon continuava a sua valorosa narrativa: - Concentrei-me, colocando a energia mental em alta rotatividade, para gerar uma força criadora capaz de materializar meus pensamentos, como vocês já estão cansados de saber. Lentamente fui tecendo uma nova matéria fluídica, substituindo a antiga. Tudo foi se materializando aos poucos. Os Grandes Mestres auxiliavam com Sua Força Criadora, para que a nossa dimensão permitisse a recepção de toda aquela “antimatéria” que fora gerada por mim e por eles num mundo totalmente diferente desse mundo que conhecemos, para ser materializada aqui. A princípio, parecia ser mais um desenho feito a lápis. Mas depois de alguns minutos a energia criadora foi esfriando e se mesclando às substâncias comuns do planeta. Todos observavam enquanto viam a divindade soprando sobre aquilo que a mente de Ménon acabara de criar. A criação gerada foi tomando forma, amoldando-se à terceira dimensão e tornando-se sólida. Quando Ménon finalmente terminou seu relato, os alunos permaneceram imóveis e concentrados, como se estivessem hipnotizados com toda aquela visão. - Vocês conseguiram compreender? – perguntou Ménon Enquanto fazia a pergunta, a tela que havia sido aberta na parede, foi se fechando lentamente. Depois que todos aquiesceram, Ménon dirigiu-se a sua mesa e abriu um pesado e velho livro de magia que estava sobre ela. Lemulia - A Feiticeira de Asgard (Trecho do meu livro) By Eliane Arthman

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