top of page

Joana de Cusa!

Joana era uma mulher de muitas posses, que tinha a seus serviços inúmeras criadas, que a serviam com zelo. Desfrutava, ao tempo de Jesus, de privilegiado nível social, em Cafarnaum.

Casada com um alto funcionário de Herodes, Joana era das mulheres mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum.

Atraída pelo verbo eloqüente de Jesus, passou a ouvir as pregações do lago. Denotando a nobreza de caráter, vestia-se de forma simples, a fim de não atrair a atenção do povo para si.


Desejava beber da água viva de que Ele falava e trazia no coração uma infinidade de dissabores.

Possuidora de verdadeira fé, amargurava-se pela posição do esposo, que era Intendente de Herodes, em contato constante com os representantes do Império e, a fim de gozar do prestígio social, ele ora comparecia ao Templo de Jerusalém, ora sacrificava aos deuses romanos.


Joana possuía verdadeira fé.

Tentara expor ao marido a sua nova crença, em vão. Trazendo a alma torturada, pelos tantos dissabores domésticos, certa vez procurou o Mestre para lhe falar das suas lutas e desgostos, no lar.

Jesus a ouviu longamente e depois ponderou:

"Joana, só há um Deus, que é o Nosso Pai, e só existe uma fé para as nossas relações com o Seu amor. Todos os Templos da Terra são de pedra; eu venho , em nome de Deus, abrir o templo da fé viva no coração dos homens."


Por fim, Jesus lhe recomenda que volte ao lar e ame o seu companheiro, despedindo-a com um: "Vai, filha!...Sê fiel!"

Uma inflexão de tal carinho, que ela jamais haveria de esquecer.


Ela retornou ao lar e transformou todas as suas dores num hino de triunfo silencioso em cada dia.

Procurou esquecer as características inferiores do marido, enaltecendo o que ele possuía de bom.

Um filho veio lhe enriquecer os dias e os anos passaram. Após muitas perseguições políticas e reveses, muitos amargores recaíram sobre o ex-intendente Cusa, que perdeu todo prestígio, envolvendo-se em dívidas insolváveis e, amargurado, enfermou gravemente.

E assim, numa noite de sombras, ele voltou ao plano espiritual.

Joana que tudo suportara até então, viu-se a braços com as dificuldades mais acerbas.

Ela, que possuíra a seu comando tantas servas, necessitou procurar trabalho para se manter e ao filhinho, aceitando as observações acres de amigas.

Fiel a Jesus, recordava que Ele também havia trabalhado, modelando a madeira, na modesta carpintaria.

Ele, o Divino Mestre, que legara a Luz da sabedoria e da Infinita Paz aos que O crucificaram e esqueceram!


Desta forma, Joana se dedicou aos filhos de outras mães e a afazeres domésticos em casa alheia, provendo as suas e as necessidades do filho.

Anos mais tarde, a bordo de uma galera romana, ela demandaria à capital do Império.

Nos anos 54 a 68, o Império romano foi governado por Lúcio Domizio Enobardo, que a História imortalizou com o nome de Nero. Dentre tantas loucuras, como o esbanjar sem limite o dinheiro público, organizar orgias extravagantes, desencadeou grandes perseguições aos cristãos.

Segundo crônicas do historiador latino Tácito, fiéis do Cristo, amarrados, cobertos de alcatrão, eram usados como tochas humanas para as insônias de Nero, nos passeios noturnos nos jardins da sua residência privada, a Domus Áurea (Casa Dourada), no Monte Aventino.

Ao comando da sua maldade, tendo acusado os cristãos de terem ateado fogo a Roma, foram executados de 200 a 300 mil fiéis.

No dia 27 de agosto de 68, nas proximidades das águas termais de Caracala, no Monte Aventino, Joana, junto a outros 500 cristãos, foi levada ao poste do martírio.

De cabelos nevados, ela ouve as queixas e lamentos de formoso jovem, também amarrado a um poste próximo.

É seu filho que exclama, entre lágrimas:


"Repudia a Jesus, minha mãe!... Não vês que nos perdemos?! Abjura!...por mim, que sou teu filho!..."


As lágrimas acodem aos olhos daquela humilde e bondosa mulher.

Pela sua mente, passam rapidamente as cenas de sua juventude, os primeiros anos do casamento, os dissabores, as alegrias da maternidade, as lutas, a viuvez, as necessidades mais duras!

Lembra de Maria, mãe de Jesus, que assistira, por horas, o suplício do seu amado filho. Por fim, acode-lhe à memória, aquela tarde memorável e do particular encontro com o Mestre. Recordou emocionada as Suas doces palavras de despedida: "Vai filha! Sê fiel!".

E pede carinhosamente ao filho que se cale, conclamando-o à fidelidade a Deus.

As labaredas lhe lambem o corpo e ela abafa, no peito, os gemidos que o terrível suplício lhe causava, enquanto o povo gritava de forma desvairada.


Um dos verdugos se aproxima dela e lhe pergunta, irônico:


"O teu Cristo soube apenas ensinar-te a morrer, mulher? Foi apenas isso que Ele pode lhe ensinar?"


A resposta sincera, provinda do fundo de sua alma corajosa, se deu num murmúrio:


"Não, senhor, não foi apenas a morrer que Ele me ensinou! Ele me ensinou a amar e a perdoar a todos aqueles que me perseguem, torturam e matam!"


E sentindo uma mão suave a lhe tocar os ombros, escutou a voz inconfundível do Divino Pastor:

"Joana, filha minha, tem bom ânimo! Eu também estou aqui sendo supliciado! Aonde quer que os meus amigos estiverem, eu estarei também!"


Logo, ela, seu filho e tantos outros martirizados, amparados por Jesus, transpuseram o pórtico da morte e adentraram na verdadeira vida.


(Hoje em dia, ela se apresenta como Joana de Angelis)

♥️


Com Amor e Por Amor

Sempre!


❤️


 
 
 

Comentarios


bottom of page