FRANCISCO DE ASSIS
- Eliane Arthman
- 7 de fev. de 2021
- 3 min de leitura
Aos dezessete anos Francisco de Assis já trabalhava na loja de tecidos importados que seu pai administrava, antes mesmo dele ter nascido.
Bondoso com os pobres e solidário com os sofredores, Francisco era amado por todos e procurado nas horas das emergências, em que a fome ou o frio castigavam os menos favorecidos.
Certa vez, quando se encontrava muito ocupado atendendo vários clientes na loja, um mendigo muito estimado por Francisco o procurou em busca de ajuda, pois seus filhos e mulher estavam muito adoentados e ele não conseguira nenhum auxílio por onde andara a mendigar nos últimos dias.
Estava muito frio e poucas pessoas andavam pelas ruas de Assis, deixando a ele e a sua família na mais completa penúria.
O mendigo acompanhou Francisco e seus muitos clientes pela loja, mas nenhum deles lhe deu a menor atenção, mesmo vendo o seus olhos meio lacrimejantes pela febre que já lhe fazia tremer todo o franzino corpo. Compreendendo que nada conseguiria, o pobre mendigo ganhou as ruas novamente, retornando ao lar.
Quase na hora de fechar a loja, quando já pegava seu pagamento do dia, um vendedor que havia se comovido com a situação do mendigo, perguntou a Francisco por que não dera atenção ao pobre homem, que parecia estar passando por dificuldades extremas.
Admirado, ele ouviu o relato do vendedor e jurou não ter percebido a presença de seu humilde amigo, a quem conhecia desde a mais tenra infância e que amava como se fora um pai!
Rapidamente, Francisco montou em seu cavalo, cavalgando até a entrada da cidade de Assis, não antes de passar em uma pequena barraca de víveres frescos para abastecer o lar de seu amado amigo.
Ao retornar ao lar, Francisco foi surpreendido por seu pai, que muito exaltado perguntou por que Francisco roubara dinheiro do caixa.
Sem entender o porquê de tanta zanga, ele explicou que pegara apenas sua própria comissão, assim como todos na loja também o fizeram.
Mas o pai retrucou que, como filho do dono da loja, ele não deveria retirar comissão alguma, já que tinha casa e conforto, o que não era o caso dos seus outros companheiros de trabalho.
Depois de muito gritar e ofender Francisco, chamando-o de ladrão, o pai o levou até o porão, trancando-o lá, sem direito a nenhum agasalho ou alimento que fosse.
A noite estava muito fria e Francisco não conseguiu pregar o olho, muito preocupado por haver magoado o pai.
Não se lamentava, no entanto, por estar privado de seus lençóis macios, colchas quentes e uma cama confortável, por um chão duro, úmido e infestado de ratos e baratas, sem contar com a escuridão que não o permitia enxergar seus próprios pés.
Durante três dias e três noites Francisco ali ficou, mas no terceiro dia seu corpo já se ressentia com o frio e umidade, fazendo-o tossir e começar a manifestar um estado febril.
Logo pela manhã do quarto dia de reclusão, a porta do porão se abriu e ele fechou os olhos para escondê-los da luz que quase o cegava.
Eram sua mãe e sua ama de leite que vinham em seu socorro, depois que o marido e patrão saíra de casa para empreender mais uma viagem ao Oriente, onde adquiriria os mais ricos tecidos das Arábias.
Emocionada, sua mãe sentou-se no chão logo depois de vê-lo se alimentar, colocando a cabeça de Francisco em seu colo:
-Filhinho querido, - falou ela - se conforme com sua difícil situação e vá embora! Não podes aqui permanecer, pois teu pai quer fazer de ti um prisioneiro!
Muito triste, Francisco lembrou a mãe que ele devia obediência a seu pai e que Deus não gostaria de vê-lo cometer tal pecado. Mas a mãe, ainda tentando aquecer a face enregelada do filho, perguntou:
- Filho, quem é o teu pai; quem é a tua mãe? Deves obediência a Deus e não a nós!
Imediatamente Francisco deu um pulo e ficou de pé, pois finalmente compreendera que sua jornada dentro daquele lar terminara naquela noite em que adentrara aquele porão.
A velha ama de leite trouxe um saco vazio de batata, um cordão velho de cortina e com isso vestiu Francisco, que naquele momento se despiu completamente de todo luxo e conforto para seguir Jesus.
Fazia muito frio e chovia torrencialmente quando a ama de leite o carregou no colo até o pátio de entrada da casa.
De olhos cerrados até então, Francisco os abriu emocionado e pode vislumbrar uma cascata de Luz provinda do Universo, que fez a chuva parar imediatamente e o sol surgir glorioso no céu para cumprimentar aquela humilde alma que começaria, então, a sua radiosa caminhada até a Luz!
Salve nosso irmão Sol!
Sua benção a todos nós, Francisco!
Com Amor e por Amor
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Eliane Arthman

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