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Estella - A Alteradora de Formas

...Estella abriu os olhos para o mundo num Tempo longínquo, quando o Planeta era povoado aqui e ali e os homens ainda nem conheciam as Leis de Moisés. Estella era descendente dos Fenícios e seus pais resolveram se estabelecer na Cidade de Siwá, próxima ao Oásis do mesmo nome, que fica entre a costa do mediterrâneo e o deserto, quase no limite da fronteira do Egito com a Líbia. Ainda nos primeiros anos de vida, seus pais e avós paternos ensinaram a ela e aos seus quatro irmãos mais velhos, a traduzir os hieróglifos deixados pelos escribas dos Faraós. Os fenícios estudaram a fundo esses símbolos, criando, séculos mais tarde, uma nova forma de comunicação, que até então era apenas a falada. Privilegiada pela cultura familiar, Estella passou grande parte da sua infância lendo todo e qualquer rolo de pergaminho que lhe chegava às mãos. Aos sete anos, sentada na areia fina e branquinha às margens do oásis, Estella olhou para o céu, de uma forma como nunca havia olhado antes. Parecia mesmo que estava sendo chamada por seres invisíveis que a rodeavam e intuíam naquele momento. Há tempos ela podia divisá-los muito rapidamente, aqui e ali, como vultos muito altos, trajados com vestes luminescentes. E naquele momento de solidão, envolta pelo silêncio de todos os elementos, um daqueles Seres colocou as mãos sobre os grandes olhos cinza claros da menina, expandindo, assim, o seu estado de consciência. Estella sentiu-se, então, quase num estado de sonho, de modo que podia ver todas as coisas de uma forma completamente diferente. Ela fitou o céu e quase perdeu o fôlego diante do brilho que o fazia reluzir de uma forma sobrenatural: ‘Como é belo!’, sussurrou para si mesma. Ela sempre amara a noite e sempre tivera a impressão que o brilho das estrelas rebrilhava dentro dela. Muitas e muitas noites tivera sonhos nos quais flutuava por entre as constelações, interagindo com os milhares de seres que cuidavam do brilho e da órbita das estrelas. Mas naquele fim de tarde, o céu lhe pareceu habitado por aqueles vultos de vestes luminescentes, que lhe enviavam efluxos cósmicos e lhe recarregavam, suave e positivamente todas as células do corpo físico. Ela não se assustou com aquela energia que fazia pulsar todo o seu corpo franzino e esguio de criança. Apenas achava a sensação muito interessante. Ela pensava, então, que aquilo acontecia com todos os seres viventes e não somente com ela e, por isso, permaneceu ali sentada, falando com as Estrelas, exatamente como fazia nos seus constantes sonhos. Logo, mais adiante d’onde estava, algo reluziu nas areias. Sua curiosidade de menina a fez se levantar para verificar do que se tratava. Ao se aproximar levou um choque que lhe fez tremer todo o corpo, como se estivesse a atravessar um campo magnético, disponível apenas para ela... Seria um sonho? Não podia ser! Ali, descansando nas brancas e finas areias estava uma Tábua reluzente, com todos os tópicos marcados pelos hieróglifos que ela bem conhecia. Ao erguer a cabeça ela pode ver, nitidamente, um Ser a brilhar. Telepaticamente ela perguntou quem ou o que era Ele, ao que Ele respondeu que não era nada nem ninguém: “Eu Sou a Luz que norteia os que buscam a paz! Passo pelo filtro da tua humanidade e me transformo naquilo que podes conceber como forma. Venho de uma realidade fantasma e, por isso, não tenho forma nem muito menos nome!” Naquele momento ia passando um escaravelho, que reluziu à Luz daquele ser. Imediatamente Ele se transformou num escaravelho, que fez com que o inseto parasse de andar e ficasse ali, parado, como que hipnotizado. Estella pode entender perfeitamente. Ele era um alterador de formas e viera ensinar a ela, a menina do deserto, coisas que ninguém em sua época, jamais poderia conhecer ou conceber. “Eu poderia lhe dar todos os nomes que conheces e usar de qualquer forma física que lhe agradasse. Mas prefiro que me vejas assim, como um foco brando de Luz Cósmica, que aqui veio para lhe trazer um presente! Ele sentou-se na areia, do outro lado daquilo ao qual Ele nomeou como Tábua Mágica e passou a explicar à Estella os mecanismos usados para ativá-la e, assim, auxiliar aos que tivessem merecimento bastante para serem guiados e orientados pelas lâminas que, mais tarde, Ele faria ela, a pequena Estella, desenhar. Depois de algum tempo, Ele desapareceu enquanto ela estava distraída observando a tal Tábua, que Ele falou ser Mágica. Ela estava exausta e correu para casa, comeu algumas tâmaras e aconchegou-se em sua esteira. By Eliane Arthman À partir daquela noite, Estella passou a se guiar pelas estrelas, traduzindo o que elas queriam lhe transmitir, pelo rutilar de cada uma, pois que reparara que todas, juntas, formavam frases inteiras. À princípio, Estella desconfiou da veracidade do fato. Mas, com o passar do tempo, ela aceitou, de forma muito natural, as mensagens que lhe eram passadas por aquele singelo Oráculo. Um de seus irmãos queimou a cerâmica com os tópicos que Estella lhe passara e preparou a Tábua Mágica, exatamente como o ‘Alterador de Formas’ lhe mostrara. Da confecção e elaboração dos Pergaminhos Mágicos ela cuidou sozinha. Eles eram de linho tingido de azul, com apenas um hieróglifo dourado desenhado no centro. Eram pequenos e retangulares como os pergaminhos, cortados no tamanho certo para caberem em suas delicadas mãos. Dessa forma, os pequenos pergaminhos que continham os 36 símbolos sagrados poderiam ser manipulados facilmente. E eles se encaixavam perfeitamente nos baixos relevos esculpidos por seu irmão na cerâmica.


 
 
 

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