Ensinamento!
- Eliane Arthman
- 7 de fev. de 2021
- 4 min de leitura
...Maria abriu sua pequena caixa de pó de estrelas e soprou suavemente um punhado do conteúdo que pode caber em suas mãos. Era madrugada e aquele brilho inundou de Luz parte da floresta. Ela nem esperava que o poder do brilho fosse tão grande! Durante muitos meses ela estivera concentrada na firme certeza de que poderia acessar uma faixa vibratória que permitisse a ela curar os doentes do corpo e da alma. E, para abrir o Portal que a levasse até aos necessitados, ela tivera de soprar seu pó de estrelas que herdara de suas ancestrais. Lentamente o portal foi se abrindo, até que Maria pode ver um grande terreiro de umbanda diante de si. Ao atravessá-lo, Maria foi atraída por uma certa médium, que possuía intenções semelhantes às suas, quanto ao auxílio à coletividade. Sem preparo algum, ela ouviu as instruções de um senhor desencarnado, que era o evangelizador do Centro, e começou, então, a colocar em prática aquilo no que estivera empenhada em criar durante tanto tempo. Perguntaram-lhe qual era o seu nome e Maria se atrapalhou, pois ali no corpo da médium, ela perdera o contato consigo mesma. Quem era ela, afinal? Ela era milhões de Marias, mesmo antes de o Tempo ser criado por Deus. Em um segundo ela pode ver a si mesma em milhares de situações diferentes. Agoniada ela fechou os olhos e, ao abri-los, viu uma multidão de figuras dela mesma em todos os lugares do Terreiro. Deus estava ali lhe mostrando que a alma se subdivide, como se uma mesma alma fosse cada um dos grãos de areia de uma praia. ‘Você é o Infinito, filha! Todos são, pois que vocês provém do meu pensamento. Eu sou a Eternidade!’ Um clarão fez o Terreiro desaparecer da visão de Maria e ressurgir como milhões de terreiros numa tela imensa. ‘Onde está a Maria?’ - o grande Ser perguntou Maria nada respondeu, pois estava confusa. Via milhões de Terreiros, se via em cada um deles, mas continuava ali, sendo a minúscula Maria, ou melhor, como se fosse um dos pequeninos grãos de areia de uma imensa praia. ‘Agora que enxergas com teu olho espiritual, filha, vá e trabalhe, pois as muitas Marias que provém do teu próprio Ser, tentarão, sempre, imitar as tuas ações! A força emanada por teu mérito abrirá portas para os que perderam o privilégio da visão além do corpo!’ Maria viu-se, novamente, a atravessar o Portal que conseguira abrir e atravessá-lo, então, com o coração profundamente tocado pelo grande Ser, já consciente de sua humilde condição de pequeno grão de areia de uma imensa praia, no intuito de auxiliar na cura física e espiritual de quantos pudesse auxiliar. Uma vez por semana ela incorporava em médiuns de vários Terreiros e nunca se importava de baixar a densidade para agir conforme se era esperado dela. E durante os dias que não trabalhava nos terreiros, ela buscava os obsessores e perseguidores de seus consulentes os doutrinava ao jeito dela, encaminhando-os, sem que se apercebessem disso, a lugares onde fariam a caridade sem ter consciência disso, tudo em troca de bebidas ou de outras oferendas. Numa certa noite, dando consulta no Terreiro, uma entidade incorporou num médium, dizendo ser o diabo. No lado espiritual ele tinha aquela forma que se vê nas imagens e nos filmes de hoje: pele avermelhada, chifres, patas e garras, rabo e face assustadora. O médium urrava e todos na gira ficaram muito assustados com aquela situação. Padilha aproximou-se e ele a xingou aos berros. Sem se aborrecer com as ofensas, ela se concentrou e, mentalmente, foi abrindo uma clareira, que ligava a escuridão a luz. Depois de muitas baforadas em sua cigarrilha, a transfiguração começou a se dar. O ectoplasma gerado pelos médiuns permitiu tal transfiguração. E aquele demônio, chefe de falanges de vampiros do sexo e das drogas começou a ficar assustado. A médium que incorporava Maria Padilha começou a mudar de forma, logo tomando a aparência de uma senhorinha. Imediatamente a entidade que até então tinha uma forma demoníaca, foi murchando, perdendo a cor, os chifres, os músculos e a aparência aterradora. Pelo lado espiritual todos puderam ver, então, um rapaz magro e muito fraco, coberto de feridas pustulentas pelo corpo. Ele caiu de joelhos, aos prantos, falando baixinho: ‘Mãe, mãe querida, pensei que tivesses me esquecido! Me perdoe pelo que te fiz, mãe! Eu tirei a tua vida e, assim mesmo, vieste aqui me abraçar!’ A senhorinha o abraçava, justificando a demora em lhe surgir: ‘tu me evitavas, filho, devido a culpa que carregavas! Mas hoje os amigos fizeram uma corrente plena em energia de amor, pela qual eu pude chegar até aqui para te abraçar e te levar comigo!’ E os dois, mãe e filho, seguiram, felizes, até as pairagens espirituais superiores, pelos méritos que aqueles humildes médiuns cederam aos dois. Maria Padilha sacudiu os ombros e gargalhou. O amor havia vencido e seu pó de estrelas havia feito um milagre abrindo o portal para unir mãe e filho! A sessão continuou até altas horas e Maria saiu dali muito feliz. E, então, como Maria da Rua ela retornou à floresta e voltou a ser Maria do Céu, Maria do Mar e Maria da Rua, Dona de todas as Estrelas! Maria é Céu azul, Mar profundo e Caminhos cobertos de flores de todas as cores! Os Nomes de Maria Maria do Céu, Maria do Mar e Maria da Rua ❤️ Com Amor e por Amor By Eliane Arthman

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