Ensinamento!
- Eliane Arthman
- 7 de fev. de 2021
- 3 min de leitura
...corri pelo longo corredor do apartamento, para chegar o mais rápido possível ao meu quarto, pois queria ajoelhar-me e agradecer ao Mestre a obtenção de um milagre na saúde de uma amiga.
Um mês antes duas pessoas que não se conheciam entre si me aconselharam a ir a um Centro de Umbanda para fazer uma certa oferenda aos Orixás, pedindo a cura dessa amiga.
Relutei muito e, numa certa tarde, sentada no sofá da sala, pus-me a chorar, triste e desgostosa por aquela única opção que Deus me dera, que era a de ir até aos Orixás da Umbanda!
Havia estudado tanto, havia passado tantas noites insone pesquisando todos os Manuscritos teosóficos, adquirindo uma vasta sabedoria para, no final, ter de ir até os Orixás da Umbanda.
Sobre a porta de entrada da sala havia um crucifixo que havia sido entronizado em minha residência anterior por umas senhorinhas de uma igreja próxima e eu o conservava com muito carinho.
Depois de alguns minutos mergulhada num profundo abatimento, senti um leve toque de invisíveis mãos nos meus cabelos e pude ouvir a doce voz que vinha do crucifixo, sussurrando em meu ouvido:
“Não te lamentes, filha minha! Eu mesmo sou o instrutor de todas as ovelhas que se dedicam ao abençoado sacerdócio de auxiliar aos que se perderam do ‘Caminho’! Vá e cumpra a tua humilde missão, que estarei contigo!”.
Assim fiz e o milagre se deu!
Enquanto corria pelo corredor para agradecer a Ele, pensava no quanto estava grata por Sua bondosa intercessão...
Mas, antes de alcançar o quarto, tudo escureceu e eu O vi.
- O que pretendes fazer? - perguntou Ele de forma urgente, impedindo-me a passagem
Detive-me, surpresa por vê-Lo naquele momento.
- Estou indo até meu quarto Lhe agradecer, Senhor!
Ele olhou-me tão profundamente, que meu coração doeu.
- Agradecer a mim, filha minha? - sussurrou Ele, como se não me compreendesse - Não te lembras a quem devemos agradecer? Por acaso te esqueceste da visita ao abençoado Centro de Umbanda, onde foste pedir ajuda?
Aquelas últimas palavras d’Ele fizeram com que tudo sumisse de repente!
...
Vi-me à beira de um abismo, descendo até as profundezas, através de uma imensa rede de pesca azul neon. Tateando na escuridão, reuni treze sofredores que estavam próximos ao sopé da parede. Um a um, os levei até à beira daquele abismo, colocando-os todos diante de um altar improvisado, enfeitado com flores, diante do trono dos Orixás da Umbanda. Meus olhos se ofuscaram com a luz que emanava de cada um deles, causando profunda emoção naqueles treze sofredores. Logo, com a alma profundamente tocada, reparei que todos eles eram cegos, pois que perderam o direito à visão espiritual.
Suas roupas eram muito surradas e suas mãos pareciam patas de porcos. Ajoelhei-me junto a eles e assim que o fiz, ouvi meu Mestre a sussurrar no meu ouvido:
‘Eles vieram aqui para ajudar na cura da sua amiga!’
Estava tão surpresa com o que ouvi, que não consegui disfarçar minha admiração.
Tornei a olhar cada um deles e os agradeci mentalmente tudo o que se dispuseram a fazer em nome do amor.
Retornei ao corredor, ainda com o coração dolorido por ter de deixar aqueles treze seres ali na escuridão, à beira do abismo.
O Mestre ainda me perguntava a quem eu iria agradecer o milagre e, sem voz para responder, eu O abracei comovida.
Chegamos, os dois, até o quarto e nos ajoelhamos num tapete que ficava ao lado da cama, de frente para uma janela.
Ele fitou o céu emocionado e falou:
- Pai, eis-me aqui aos vossos pés para Te pedir como o último de todos os Teus servos, por esses treze irmãos sofredores, que obtiveram o milagre da vida para alguém que já se despedia dela! Eles não tem olhos nem mãos; não tem méritos ou esperança para almejar uma vida de paz.. Mas estamos aqui, justamente para Te pedir que tire de nós tudo o que for preciso para dar a eles, todos os méritos que perderam!
Queremos dividir com eles o que pudemos obter através das bênçãos do Teu imenso Amor!
Não queremos que os eximas da dor, mas que os permitas descansar para que voltem a sorrir e a brincar! Que, principalmente, eles reaprendam a amar!
O quarto desapareceu e, diante de nós surgiu um chão de Luz, sobre o qual estavam nossos treze amigos, agora saudáveis, de pé e felizes por terem vencido a si mesmos!
Obrigada, Mestre, por nos ensinar que onde quer que estejamos o Teu amor e a Tua Misericórdia nos alcança!
Com Amor e Por Amor
Salve Todos os Orixás da Umbanda
e do Candomblé
By
Eliane Arthman

コメント