A última Gira
- Eliane Arthman

- 7 de fev. de 2021
- 4 min de leitura
Dezembro 1970 Era dezembro e aquela seria a última Gira do ano. Os trabalhos transcorriam normalmente, até que uma das médiuns começou a tossir muito, a ponto de quase sufocar. Maria foi até ela e colocou uma das mãos em sua cabeça, mantendo, assim, um contato mental com a entidade que ali estava, mas que parecia não ter energia suficiente para se manifestar. Assim que Maria retirou a mão da cabeça da médium, essa começou a gargalhar alto. Logo suas mãos se entortaram e se recolheram às costas, enrijecidas e frias. Após tornar a colocar a mão na cabeça da médium, Maria cantou alguns pontos e depois de alguns instantes, começou a falar: - Bem vinda Dra Elisa! A médium estremeceu, como se tivesse levado um choque ao ouvir aquele nome, parando de gargalhar imediatamente. Maria pois-se caminhar em torno dela, envolvendo a entidade em eflúvios positivos, para que tivesse tranquilidade para falar. Após alguns instantes, Maria sentou-se em frente a médium manifestada, buscando suas mãos que estavam recolhidas às costas e, suave e delicadamente, foi alongando dedo por dedo até que estes voltassem à sua posição original. Com as mãos sobre as mãos da entidade, Maria informou à Dra Elisa que ela estivera perambulando pelos umbrais da morte por mais de trinta anos, negando-se a receber qualquer tipo de auxílio e afinando-se com entidades cristalizadas no mal. Devido a isso, os mentores trouxeram-na até Maria Padilha, para que esta tentasse uma forma de libertar aquele espírito tão sofredor das mazelas da obsessão. Há vários meses Maria estivera a rondar o espírito da Dra. Elisa, procurando saber como libertá-la de si mesma. E naquela noite, as falanges conseguiram envolver o espírito da Médica e colocá-la no corpo daquela médium que se dispusera a ajudar. Seu espírito enregelado pelas sensações da suposta ‘morte’, precisava sentir o calor de um corpo físico. Ainda segurando as mãos da médium manifestada, Maria Padilha começou a falar para que todos pudessem ouvir: - Dra Elisa era uma excelente médica e possuía uma clínica num subúrbio pobre da cidade. Certa noite, uma humilde viúva levou seu filho caçula, de cinco anos, até a clínica. Dra Elisa foi chamada, pois a pobre mulher não tinha dinheiro algum para garantir que o menino pudesse ser atendido. Assim que tomou conhecimento do caso, a médica atendeu o doentinho com toda presteza, levando-o para uma UTI. Por ser a Dra Elisa uma mulher sisuda e reservada, a maioria das enfermeiras não simpatizava com ela. E justamente naquela semana uma enfermeira entrara em atrito com a médica e apesar de manter-se em silêncio, jurou se vingar da Dra Elisa. E ao vê-la cuidando do menino, aproveitou um momento de descuido da médica, para trocar o medicamento intravenoso que seria aplicado horas depois no doentinho. O espírito da médica manifestado no corpo da médium havia parado de gargalhar, demonstrando contrariedade com o que Maria Padilha relatava à seu respeito: - Para resumir, o menino faleceu naquela mesma noite. Depois de informada a respeito da passagem de seu filho, a viúva foi até a Dra Elisa e, abraçando-a, agradecida por tudo que fizera pelo menino e disse-lhe que aquela tinha sido a vontade de Deus. Que tinha certeza de que a médica fizera todo o possível para preservar a vida do seu caçula. Após alguns dias desorientada, Dra Elisa teve de constituir um advogado, mas mesmo tendo excelente defesa, perdeu o direito de clinicar e de frequentar a própria clínica. Meses após transferir todos os seus bens para a humilde viúva, Dra Elisa desistiu da vida e numa noite de aflição e desgosto, colocou a cabeça dentro do forno da cozinha, inalando gás até a morte. O espírito da ex-médica disse que jamais se arrependeu do seu gesto e que a partir de então gargalhava o tempo todo, pois que as pessoas sérias não mereciam o Amor de Deus! Deus para ela não existia! E nesse exato instante, ouviu-se uma voz infantil, vinda de uma outra médium: - Então eu chorarei pela senhora! E terei a fé que a senhora não conseguiu ter! Era o menino que viera das pairagens espirituais para se solidarizar com a antiga médica que tentou salvá-lo. Enquanto o menino chorava abraçado a Dra Elisa, Maria Padilha esclarecia o que ocorrera depois do seu suicidio: - A viúva comprara uma casa para morar com os quatro filhos, pagara a faculdade de todos eles, sendo que dois tornaram-se médicos e passaram a administrar a Clínica da ex-médica. Todos os anos, às vésperas do Natal, toda a família se reunia em uma pequena Orata construída nos fundos da propriedade por um dos filhos, que se formara em engenharia civil, onde no altar havia a foto da Dra. Elisa, a mesma que ainda estava pendurada numa das paredes da recepção da Clínica. Maria Padilha tornou a colocar mão na testa da médium para que a Dra Elisa pudesse ver que toda a família daquela viúva estava reunida, naquele exato momento, pedindo a Jesus que mostrasse o caminho da Luz para aquela médica tão querida, que tanto os auxiliara nos caminhos da vida! E cada um dos filhos falava, usando suas próprias palavras, do quanto eram agradecidos a tudo que ela fizera por todos eles! Dra. Elisa abraçou aquela criança que ela tanto amara, desde a primeira vez que o vira naquele dia na clínica, e chorou copiosamente por ter sido perdoada por ele! As duas médiuns despertaram e Maria falou que o menino viera buscar sua benfeitora e que jamais sairia do seu lado, até que ela voltasse a sorrir e a brincar! A Gira continuou por mais algumas horas e, mais tarde, todos saíram dali fortalecidos na fé, pois tinham certeza de que o Mestre estivera entre eles para levar consigo a bondosa Dra Elisa. Algum tempo depois a Dra Elisa, renovada e muito feliz, pediu para fazer parte da Falange de Maria Padilha das Sete Encruzilhadas! Todos os Caminhos nos levam ao Senhor! Salve Dona Maria Padilha, Rainha das Sete Encruzilhadas! Axé! 🌹 (Precisei de muitos dias de recolhimento e silêncio, sem jogar para quem quer que fosse, para que Dona Padilha tivesse a receptividade necessária para me passar esse desdobramento, que envolveu a libertação da Dra Elisa, depois de trinta anos de solidão e de muito sofrimento) Com Amor e por Amor Por Ele Eliane Arthman https://www.youtube.com/watch?v=KZW5eU9eFQ0










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