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*A SEGUNDA DIMENSÃO* Onde o Tempo Não Existe

O céu estava iluminado e o sol se deitava por sobre a Terra, se escarrapachando para alongar-se, logo ao final de sua longa viagem através do universo.


Mas não se sentia nem um pouco

cansado por isso e caminhava pelo

mundo, sorridente, sendo muito

bem recebido por todas as pessoas

de todos os lugares.


Ele sentou-se, quente e suarento,

ao meu lado na varanda, aquecendo meu espírito, contando-me suas lindas histórias e fazendo-me pensar sobre

as singelas lições que continham.


E garantiu-me, então, que o aprendizado vale muito mais que todas as dores, suores e temores.


Depois de um breve silêncio,

ele colocou um de seus raios luminosos

sobre os meus olhos, iluminando-os de tal forma, que pude enxergar um lugar muito distante, onde a escuridão e a

miséria imperavam, não permitindo que o alívio, o consolo e a esperança

pudessem ser desfrutados por nenhum dos seres que lá estavam.


Logo pude ver os detalhes

ocultos na escuridão.

...

Aquele era o mundo da 2a Dimensão, onde o referencial Tempo não existe.


Muitos seres viventes da 3a Dimensão ali estavam em estado de sonho, semi-materiarizados, cedendo ectoplasma para equilibrar a vida dos que ali viviam.

(Uma noite aqui na Terra pode corresponder a uns cem anos na 2a Dimensão).


E, naquela noite em especial, muitos habitantes seriam retirados daquele estágio de vida, recebendo méritos necessários para obterem o direito a um novo aprendizado.


A maioria dos habitantes do lugar

tinham os seus corpos astrais

deformados e a matéria fluídica do lugar

era quase insuportável.

Eu não podia demonstrar pesar,

pois essa atitude poderia ofender aquelas almas e, por isso, me mantive em oração.

Quando ainda rogava por ajuda espiritual, minha visão expandiu-se e pude ver que muitos seres elevados trabalhavam devotadamente ali com sua densidade espiritual bem baixa para, assim, não serem percebidos.


E isso era maravilhoso de se ver!


Eles eram como estrelas a reluzir na escuridão!


Minha visão expandiu-se mais e num

espaço mínimo de tempo, que não chegou a durar um milionésimo de segundo, mas que na nossa dimensão equivaleria a muito anos, a verdade sobre todas as Criações divinas desfilou diante de mim.


Deus estava ali, apesar de não ser

percebido ou sentido por nenhum

daqueles seres.


Tornei a vibrar na densidade natural do

meu espírito e vi uma praça redonda,

com um banco no meio, que se

destacava por possuir uma cor.

Ele era branco. Mas a sua cor estava tão intensificada, que tendia para um tom quase azulado, já tudo ao seu redor era cinza ou negro.


Apertei meus olhos e vi um ser etéreo

sentado sobre o banco.

Em seu colo havia uma imensa

colcha branca, que ele bordava muito

calmamente, escolhendo miçangas e canutilhos coloridos, de vários tamanhos, misturando-os de forma homogênea e harmônica, para que juntos formassem um singelo e vibrante desenho.


Sua alva figura destacava-se na

paisagem escura e seu perfume

se espalhava através do vento brando,

sendo sentido até nos lugares mais

distantes.


Ele era o único ser colorido naquele

lugar, atraindo, assim, nossos olhares e enorme curiosidade.


No momento em que o reparei,

percebi que todos ali também o notaram.


Ele era o Senhor das Realizações ou o

Divino Espírito Santo e era, também, o responsável pela concretização ou materialização de toda a obra resultante da Criação.


O Grande Espírito fitou-nos e sorriu de forma gentil.


Ele emitiu vibrações na sintonia fina

que, ao chegarem até os nossos espíritos se fizeram em palavras, sem o

som de qualquer voz:


- Vejam o quanto é bonito o bordado!

Observem que nele se fundem o claro

e o escuro, o grande e o pequeno,

assim como todos os contrários,

antônimos, inversos e extremos

opostos!

Mas apesar das suas inúmeras

diferenças, sua beleza permanece

inalterada.


O céu estava esplendoroso e as

estrelas exibiam vaidosas o seu

poder de luz.

Inundada em alguns lugares e em outros contendo grandes poças d’água,

a terra fundia-se com o céu,

proporcionando, assim, um belíssimo

espetáculo, que explodia em várias nuances de tons de todas as cores.


Luzes multicores chocavam-se em

meio à distância que as separavam

umas das outras, formando, assim, um arco-íris em plena escuridão!


Em meio a esse exuberante espetáculo,

o Grande Espírito parecia distraído

com o Seu lindo bordado, como se fosse um professor que ensinasse a filosofia e a prática ao mesmo tempo.


Silenciosamente, cada um a seu jeito se

perguntava onde estavam as verdadeiras estrelas, se para quaisquer lugar para os quais olhássemos nós podíamos vê-las em toda a extensão de sua beleza.


Se a claridade estava a colorir apenas o

céu, o que estava a reluzir na escuridão,

que não fosse também a luz, que encontrava um meio de

expandir-se por todo o espaço que

havia entre aqueles dois mundos tão

distantes e diversos um do outro, mas ao mesmo tempo tão próximos e semelhantes na pulsante

vida que emitiam?


O Grande Espírito sorriu.


-Observem! - O Senhor mostrou-nos

uma bacia de louça branca,

cheia de água, onde Ele pingou uma gota de anil.


- Notaram que uma única gota foi capaz

de mudar toda a química dentro da bacia?

Viram como um só elemento é capaz de mudar toda uma história, caso resolva fazê-lo?


Nós continuávamos a observar a água,

que se tornara muito azul e reluzia

como se fosse uma pedra preciosa

em estado líquido.


- Perceberam que o que uniu esses

dois mundos foi um único elemento,

nesse caso, a água?


Ele parou de falar por alguns segundos

para logo depois continuar


- Mesmo que saibamos que as águas

deste lugar são infectas, a sua eficácia

é a mesma.

Elas não deixam de cumprir o seu papel,

que é o de refletir a luz para alegrar

àqueles que não sabem o que é a luz

nem para quê serve a luz!

A escuridão é incapaz de reagir

negativamente a essa envolvente magia, que não se detém por nada!


E, através do tempo, o que é escuro

envolve-se com o que reluz,

acostumando-se com a claridade e

até admirando o seu poder regenerador...


Sentimos que não apenas nós

escutávamos aquele som que rompia

o silêncio.

Todas as atenções dos seres da Criação

eram para ‘Ele’, o Senhor do bordado

bonito, que continuava a bordar.


- Ali no pântano, ainda ontem, uma linda flor nasceu... Viram?

É a flor de lótus.

Hoje mesmo, ainda a pouco, uma graciosa garça pousou à margem do mesmo pântano, pouco se importando com a imundície que o assola...

Quão distraídas são a garça e a flor!

Nem repararam que a paisagem poderia

macular sua tão delicada imagem!

Elas poderiam entregar-se à vaidade,

mas sem se aperceberem de seus

sublimes dotes, partilham sua beleza

e luz com os que vivem envoltos pelas

trevas geradas pelo próprio egoísmo.


Esses são os benditos exemplos que

podem salvar o mundo!


Permanecemos cercados pelo silêncio,

meditando sobre aquilo que ouvíamos.

O Senhor do bordado era gentil como

um homem muito velho que sabe

como lidar com os que nada sabem,

prendendo carinhosamente sua atenção com suas histórias interessantes.


- E o que me leva a fazer esse bordado

de miçangas, zircones e paetês tão diferentes uns dos outros?

O que leva a claridade que povoa o

céu a debruçar-se sobre a escuridão,

fazendo com que nos confundamos ao

tentar saber de onde se origina tanta luz, se de cima ou de baixo?


O que levou a flor de lótus e a garça a

povoarem o pântano infecto,

assim de forma tão natural?

Seria acaso o encontro de duas criações tão belas, num cenário tão infausto?

Conclui-se que só se valoriza a beleza

quando se convive toda a vida com o feio; só se anseia pela sabedoria, quando se convive todo o tempo com as misérias geradas pela ignorância e só se busca a verdade, quando se sucumbe à torpeza causada pela mentira...

E sempre se deve rezar por aqueles

que perderam o direito ao convívio com

as coisas puras e belas!


O bordado reluzia, refletindo a suave

claridade que estava a jorrar do céu.

Todos nós estávamos tão próximos uns

dos outros, que fui incapaz de diferenciar os bons dos maus.

Nossa pulsação parecia seguir um

mesmo compasso, como que regidas pela batuta d’um mesmo maestro.


Nossos corações pulsavam através do

universo e sentíamos a vibração do

infinito aportar em nós.

As pequenas poças que refletiam as

estrelas inundavam nossos corações

e faziam o frio das más vibrações absorver a claridade morna do amor, de forma que já não podíamos, qualquer um de nós, classificar o nosso estado evolutivo: se éramos luz ou trevas.


Não podíamos, naquele momento,

definir nossas reais diferenças,

pois que a potência da luz que nos

envolvia era a mesma, não

discriminando nosso estado evolutivo.


Éramos só atenção, pois que nossa

consciência fora expandida pelo

Grande Senhor.


Por isso, ora observávamos o bordado,

ora contemplávamos o reflexo do céu

no chão, ora nos deliciávamos com

a forma de falar do Senhor, ora nos

distraíamos com o seu lindo bordado.


O bordado estava quase concluído,

quando o Senhor resolveu retocá-lo

com pequenos diamantes.


- O diamante brilha tanto quanto o vidro

negro e o vidro branco! Apesar de o

diamante ter um passado milenar,

dado o tempo que leva para tornar-se

duro e resistente, seu brilho não supera

o encanto de um vidro bem lapidado!


Continuávamos a observar o bordado e

concordávamos com as afirmações do

Senhor, pois o esplendor emitido tanto

pelos pequenos vidros, quanto pelos

também minúsculos diamantes, era o

mesmo.

E isso era lindo demais, pois todos nós naquele momento, parecíamos sermos irmãos, gerados dentro d’um mesmo líquido amniótico, filhos d’um mesmo Pai!


A claridade emitida tanto por aquele que bordava quanto pelo seu bordado,

também resvalava para todos os lados,

iluminando a noite escura de nossas

almas, mesmo que não merecêssemos

as bênçãos que emanavam daquele

sublime espetáculo.


- Um único sentimento foi capaz de nos

unir, apesar de sermos todos tão

diferentes uns dos outros e de termos

trilhado estradas tão adversas.


O Senhor parou de falar e permitiu-nos

digerir aquele ensinamento.


Ele nos olhava a todos de forma muito

envolvente, como um pai que sente

vontade de abraçar seus muitos filhos,

mas prefere fazê-los se sentir amados

através d’uma força muito maior que

a de mil abraços e de um milhão de

beijos.

A verdade é que o amor que o Senhor

emitia nos acalentava profundamente.

Não sabíamos definitivamente lidar

com aquele sentimento tão intenso!

Era muito doce e consolador!

Não sabíamos de nada que

pudéssemos ter feito, que nos

fizesse merecer ouvir palavras tão belas, ditas por alguém tão sábio e amoroso.


- Nós não viemos do mesmo lugar,

nem muito menos freqüentamos a mesma escola; não aprendemos as mesmas coisas, nem estivemos perdidos nas mesmas estradas...


Mas apesar de fatores tão conflitantes,

chegamos ao mesmo lugar.

E os discípulos, meus filhos, são sempre elevados ao grau do Mestre que os instrui.


O acaso bendito (sopro especial do

Criador direcionado às criaturas),

nos permitiu esse encontro sublime,

onde a natureza exuberante nos deu

exemplos tão singelos e grandiosos

e onde o Amor lançou Suas tão doces

sementes no pomar de nossas almas!


E por causa desse encontro, tudo neste

lugar ficará eternamente mudado.


A força da nossa energia mudou a

química e a vibração das mentes que

aqui estão, formando um escudo

protetor muito potente, capaz de

alterar todo este cenário!


Essa é a Lei.


Existe apenas uma Lei a reger o Universo, assim como uma única Verdade para pautá-la em tudo aquilo que envolve a Criação dos mundos e dos seres.


Mas a bondosa força do Amor quebra todas as Leis e todas as regras que sustentam a lógica, Já que Seu poder tudo justifica, tudo releva e tudo faz esquecer.


O Senhor ergueu-se devagar e sacudiu a colcha que acabara de bordar.


Ela passou por sobre as nossas cabeças

e se estendeu por todo o chão, tornando-se, então, um lindo tapete branco, bordado com muitas pedras coloridas, finamente lapidadas, afundadas de forma homogênea na maciez do tapete.

Até onde as nossas vistas eram capazes

de enxergar, podíamos ver o seu brilho

radiante, que desafiava a Lei da lógica,

transformando em suavidade o nosso

sofrimento e o constrangimento de nos

sentirmos deserdados do Amor Divino.


O Senhor do bordado, com Sua destreza, havia conseguido misturar diferentes elementos, mas combinou-os de forma tão harmoniosa, que o resultado fora surpreendente.


Ele conseguira rimar verbos de diferentes terminações, mudando apenas a pronúncia de cada um deles,

mas sem lhes alterar o sentido,

para que todos ali pudessem absorver

o tão singelo e profundo ensinamento.


O lugar escuro e sujo que eu encontrara, transformara-se em abençoado espaço arejado e iluminado, como se a misericórdia de Deus quisesse nos provar Sua eterna presença em nossa miserável jornada.


Aprendíamos naquele momento que pelo Amor, a luz ali estava, os Anjos não se apartavam de nenhum de nós e que caridosas mãos se estendiam solidárias em nossa direção.


E o sol, amigo querido que aquece o

Universo, retirou-se de meus olhos,

mas continuou a envolver-me a alma.


Fitamos o céu azul e ouvimos, então, a profunda voz de Deus a esclarecer os nossos corações:


“A Caridade reescreve as histórias que o

ódio impôs sob a tutela da intolerância e

permite que se compreenda, pelo prisma da Verdade, que tudo justifica a

subserviência, a humildade, a obediência e o perdão!


É assim que visito meus pequeninos filhos penitentes, provando jamais discriminá-los quando lhes permito desfrutar do brilho das mais lindas estrelas que povoam os céus!


Todos vós já estais glorificados em mim,

desde a vossa criação!

Amanhã estarei glorificado em vós!

A Eternidade conspira a nosso favor, tenham certeza, meus filhinhos,

tenham certeza disso!”

*Com Amor e Por Amor*

*Pela Infinita Misericórdia de Deus*

By

❤️

*Eliane Arthman*

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