A MICROSCÓPICA PRIMEIRA DIMENSÃO
- Eliane Arthman
- 7 de fev. de 2021
- 4 min de leitura
Em 2016 tive uma enfermidade causada por uma picada de mosquito.
Muito sútil e lentamente meu mundo interno começou a mudar sensivelmente.
Me movia com extrema dificuldade e não conseguia ar para respirar.
Ficava pensando que jamais haveria um remédio para me curar.
Numa noite de mal estar e febre alta, tive um desdobramento, onde me vi sentada num banco de igreja, quase junto à porta da entrada principal.
A igreja estava com algumas dezenas de pessoas concentradas em oração.
Uma senhorinha que estava sentada próximo ao altar, levantou-se e veio em minha direção, assim que me viu chegar. Sua postura era de alguém muito humilde e profundamente bondosa.
Ela colocou sua mão sobre a minha e falou bem baixinho:
“Hoje eu vou lhe atender!”
Depois de algum tempo, ela tornou a se aproximar e, me segurando pela mão, disse:
“Venha!”.
Seguimos pelo lado direito do altar, na direção do que parecia ser um pequeno pátio interno.
Em lá chegando, vi uma enorme montanha de cor marrom, que começava na lateral do pátio e seguia até onde minhas vistas alcançavam.
Fiquei admirada, pois nunca havia visto nada igual.
Observando melhor, pude notar que havia milhares de pontinhos negros na superfície da tal montanha, parecendo tratar-se de formigas.
Enquanto assim pensava, a Senhorinha, como que adivinhando os meus pensamentos, me esclareceu que o que eu pensava tratar-se de formigas eram, na verdade, os vírus.
“Como assim?”, pensei, “como uma montanha pode conter vírus?”
A Senhorinha fez um gesto largo com um dos braços e vi que estávamos, na verdade, dentro do meu próprio corpo, próximo ao fígado.
Ela me parabenizou por essa percepção, confirmando que aquilo que julguei ser uma montanha era, na verdade, o interior do meu próprio corpo e os milhares de pontinhos negros eram os vírus que estavam me causando o mal estar e a febre.
Ela se afastou um pouco de mim e gritou em direção a tal montanha:
“Hei, vocês todos, desçam já daí! Os que quiserem ficar, que fiquem! Mas terão de se tornar anticorpos capazes de combater esse mal!
Um número infinito de pontinhos pretos caíram, cobrindo o chão até às nossas cinturas. Outros milhares permaneceram, recusando-se terminantemente a sair, preferindo sofrer a transmutação celular.
A senhorinha me olhou e riu com a minha expressão de incredulidade.
- Sabe de onde eles vem? - perguntou
- Eles quem, Senhora?
- Esses vírus! - respondeu ela
E diante da minha negativa ela esclareceu que eles vinham da primeira dimensão. Imediatamente após ela ter falado isso fomos transportadas para a Primeira Dimensão, que era um lugar lúgubre e fétido onde milhares de minúsculos vermes se arrastavam.
Meu coração acelerou dentro do peito e a Senhoria explicou-me que por termos mudado de dimensão tão abruptamente, meu perispírito sofreu com essa alteração. Estávamos, então, na microscópica Primeira Dimensão, de onde provinham os vírus, as bactérias e doenças mortais que tanto mal causam a humanidade.
Por isso o choque que causou-me a tal taquicardia.
Depois de alguns instantes, vi criaturas muito grandes, vindas de outras dimensões, inclusive da nossa, que é a Terceira Dimensão, para carregar alguns vírus e bactérias com eles no intuito de inocularem-nos nos corpos de alguns seres ou pessoas, que desenvolveriam doenças por vírus ou bactérias, que poderiam causar-lhes a morte.
Acompanhamos a jornada de alguns desses vírus.
Alguns tornaram-se cânceres, outros tuberculose ou pneumonias, outros tantos causaram AIDS, sífilis ou diversos outros terríveis males que, muitas vezes, causavam horripilantes deformações.
Mas algo interessante me chamou a atenção: em certos organismos esses males foram assimilados, absorvidos, embalados durante algum tempo e, depois de alguns tratamentos leves, foram rechaçados.
Em outros organismos esses males se instalaram, foram cuidados por terceiros, que se empenharam em abençoá-los até transformá-los em viroses brandas, tumores benignos ou em cistos que desapareciam por si sós!
E em outros tantos, além do ser não ter ninguém que intercedesse a seu favor, nenhum tratamento conseguia transmutar a doença em saúde, levando, assim, o paciente a óbito.
Milhares daqueles vírus conseguiam se transmutar em saúde, muitas vezes após tratamentos espirituais, quando mentes alinhadas com o Um se uniam para estimular esses vírus ou bactérias a acessar o caminho da própria libertação.
Novamente acessamos a Primeira Dimensão.
Em lá chegando, a Senhorinha passou as mãos sobre os meus olhos e, então, vi milhares de pontos luminosos se movimentando por todos os recantos do miserável lugar em busca de alguns vírus que já poderiam ser transformados.
Mesmo que fossem capturados por magos negros da Terra ou por perversos seres não humanos de outras dimensões, esses vírus conseguiriam transformar a doença em saúde, pois que a Sagrada Chama Violeta os auxiliaria no esforço da transmutação.
R
etornamos ao pátio da Igreja, onde não vi mais a montanha marrom.
Entrei na igreja, ajoelhei-me num genuflexório próximo ao altar e fiquei em oração, mas agora já me sentindo bem melhor.
Senti um afago em minha cabeça e ao erguer a face verifiquei ser a Senhorinha, que sorria para mim.
- Obrigada, Senhora, por esse maravilhoso ensinamento! - agradeci
- A oração é capaz de transmutar qualquer mal, filha!
Falando isso, ela foi se afastando lentamente, em direção à porta principal da igreja. Eu estava tão agradecida, que desejei saber seu nome:
- Senhora, diga-me seu nome, para que eu possa repeti-lo em minhas orações!
Ela se deteve, me olhou feliz, e falou baixinho:
- Eu sou Nha Chica, filha!
Com Amor e por Amor
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Eliane Arthman

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